Burundi, Gospels in the War: Invisible Site of Memory or Ominous Signs?
Burundi, des gospels dans la guerre : lieu de mémoire invisible ou signe de mauvais augure ?
Burundi, o gospel na guerra: lugar de memória invisível ou sinal de mau agouro?
Résumé
This article examines the relationship between music and the memory of the past, in particular the memory of the Burundi civil war as a historical experience. It deals with the way in which music has become both a medium of memory and a lieu de mémoire regardless of the intention of its composers. Since the assassination of President Ndadaye in October 1993 and during the following months, the National Radio and Television of Burundi frequently aired songs. Among them were two songs, “Ibimenyetso vy’ibihe” (“The Signs of Time”) and “Shalom” (“Peace”). These gospels were sung by the Rwandan choir Hoziana Choir. This article explores the representations associated today with these two songs by those who used to hear them on the radio in time of war and exile. Based on the ethnography of Burundians living in Île-de-France, this paper shows how these songs activate different memories related to pain, loss, suffering but also to the ordinary actions of those who tried to stand in the way of massacres. Listening to them brings back a memory that transcends ethnic groups or social categories, promoting on the contrary a community of experience at a national scale. For the survivors of the civil war, the memory charge of these gospels takes precedence over their religious character, but for the new generation they are mere religious songs. The memory charge of these songs is therefore fragile and is likely to disappear. The article insists that these two songs are “unintentional musical monuments”: they differ from built monuments as they are mobile and able to reach out to those who remember or commemorate. These two gospels also became warning signs of war, especially of the assassination of a president: they are therefore ominous songs which, in the imagination of those who witnessed the civil war, have the capacity to act and cause a regicide. Listening to or hearing these songs activates individual or shared memories of the past, but at the same time it induces reactions linked to the political present and projections into a possible future—this reminds us how much memory lies at the junction between past, present and future.
L’article examine les relations entre la musique et la mémoire du passé, plus particulièrement la mémoire de l’expérience historique que fut la guerre civile au Burundi. Il traite de la façon dont la musique est devenue, indépendamment de l’intention de ses auteurs, un support de mémoire et un lieu de mémoire. Depuis l’assassinat du Président Ndadaye en octobre 1993 et pendant les mois qui ont suivi, des chants passèrent fréquemment sur les ondes de la Radio-Télévision nationale du Burundi. Parmi eux figuraient deux chansons, « Ibimenyetso vy’ibihe » (« Les signes des temps ») et « Shalom » (« La paix »). Il s’agit de gospels chantés par la chorale rwandaise Hoziana Choir. L’article explore les représentations aujourd’hui associées à ces deux chants par celles et ceux qui les entendaient jadis à la radio dans un contexte de guerre et d’exil.
À partir d’une enquête ethnographique réalisée auprès de Burundais vivant en Île-de-France, l’article montre que ces chants activent différentes mémoires associées à la douleur, à la perte, à la souffrance, mais aussi aux actes ordinaires de ceux qui ont tenté de s’opposer aux massacres. Leur écoute fait resurgir une mémoire qui transcende les ethnies ou les catégories sociales pour fait valoir une même communauté d’expérience à l’échelle de la nation. Si, pour ces rescapés de la guerre civile, la dimension mémorielle prime sur la dimension religieuse, ces gospels ne sont plus de simples chansons religieuses pour les nouvelles générations. Leur charge mémorielle est donc fragile et risque de disparaître. L’article considère ces deux chants comme des « monuments musicaux non intentionnels » : ils se distinguent des monuments bâtis par leur spécificité d’être mobiles, allant ainsi à la rencontre de celle ou celui qui se souvient ou commémore. Ces deux gospels sont aussi devenus des signes avant-coureurs de la guerre, plus particulièrement de l’assassinat d’un président : ce sont donc des chants de mauvais augure qui, dans l’imaginaire des anciens témoins de la guerre civile, ont la capacité d’agir en provoquant un régicide. Écouter ou entendre ces chants active des souvenirs individuels ou partagés du passé, mais induit en même temps des réactions liées au présent politique et des projections dans un avenir possible, rappelant combien la mémoire se situe à la jonction entre passé, présent et futur.
O artigo examina as relações entre a música e a memória do passado, particularmente a memória da experiência histórica da guerra civil no Burundi. Discute-se de que maneira a música se tornou, a despeito das intenções de seus autores, um suporte de memória e um lugar de memória. Após o assassinato do Presidente Ndadaye, em outubro de 1993, e ao longo dos meses que se seguiram, cânticos foram repetidamente transmitidos pelas ondas da Radio-Télévision Nationale du Burundi (RTNB). Dentre eles, duas canções se destacam: “Ibimenyetso vy’ibihe” (“Os sinais dos tempos”) e “Shalom” (“Paz”). Trata-se de cantos gospel entoados pelo coral ruandês Hoziana Choir. O artigo investiga as representações atualmente associadas a esses dois cânticos por aquelas e aqueles que outrora os escutaram no rádio em um contexto de guerra e de exílio. A partir de um levantamento etnográfico realizado junto aos burundianos que vivem na Île-de-France, o artigo mostra que esses cânticos ativam diferentes memórias associadas à dor, à perda, ao sofrimento, mas, do mesmo modo, aos atos cotidianos daqueles que procuraram se opor aos massacres. Escutá-los ressuscita uma memória que transcende as etnias e as categorias sociais, na medida em que é exaltada uma mesma comunidade de experiência em escala nacional. Enquanto para esses sobreviventes da guerra civil a dimensão da memória tem precedência sobre a religiosa, para as novas gerações esses cantos gospel não são mais do que canções religiosas. A sua carga memorial é, desse modo, frágil, e corre o risco de desaparecer. O artigo considera esses dois cânticos como “monumentos musicais não intencionais”: estes se distinguem dos monumentos construídos pela especificidade de serem móveis, indo ao encontro daquela ou daquele que se recorda ou comemora. Esses dois cantos gospel também se tornaram sinais de prenúncio da guerra, mais particularmente do assassinato de um presidente: são, portanto, cânticos de mau agouro que, no imaginário dos antigos testemunhos da guerra civil, tiveram a capacidade de agir ao provocar um regicídio. Escutar ou ouvir esses cânticos ativa as lembranças individuais e compartilhadas, mas, ao mesmo tempo, incita as reações ligadas ao presente político e às projeções de um porvir possível, recordando como a memória se situa na junção entre o passado, o presente e o futuro.
Origine : Fichiers éditeurs autorisés sur une archive ouverte
